O ato de programar o treino com base na velocidade de execução (“velocity based training”) deve ser discutido com cautela, visto que algumas questões errôneas estão sendo tomadas como protocolos para a tomada de decisão, como:
Acreditar que há uma velocidade ideal para cada objetivo de treinamento – Devemos lembrar que o único objetivo do treinamento é melhorar a força máxima aplicada ante qualquer carga, ou seja, o que realmente existe são treinamentos de força executados em distintas velocidades (magnitudes de força), mas todos são, se executados na máxima intenção de ação motora, treinamento de força máxima.
Efetuar ajustes diários da carga absoluta de treino – Ao observarmos uma discrepância entre o esforço programado e ao que resultou efetivamente para o indivíduo, teremos três situações: a) a carga seja deslocada a uma velocidade maior do que a prevista; b) a carga se desloca na velocidade planejada, ou c) em velocidade menor.
Nestes casos, podemos tomar três decisões: manter, subir ou elevar a carga. No primeiro caso, supondo que o indivíduo melhorou seu rendimento (jogadores 10, 20, 2, 5, 17, por exemplo), concluiremos que ele está sendo estimulado aquém das suas atuais capacidades, apesar de que seja mais efetivo manter a progressão das cargas absolutas prevista ao longo do período. No segundo caso, se a velocidade se mantém após 6-8 semanas de treino, a situação começa a ficar preocupante, pois significa que não estão ocorrendo adaptações positivas aos estímulos de treino, o que pode ser resultado tanto de estímulos abaixo das necessidades do indivíduo quanto acima, onde sinais de cansaço seriam visíveis e estariam contribuindo inclusive para que se apresentasse a última situação (perda de velocidade perante uma mesma carga).
Definir zonas ótimas de aplicação de força (velocidade, potência) de modo geral – Ao considerarmos que cada exercício possui suas próprias velocidades de execuções, distintas tanto em valores máximos quanto relativos e, tais velocidades, em conjunto com a carga (% de 1RM) irão nos fornecer parâmetros singulares quanto a produção de potência e intensidades, evidenciaremos que cada exercício, por conseguinte, produzirá maiores picos de potência máxima em percentuais totalmente distintos.
Exemplo de interpretação errônea da curva FxV no VBT:
Lembrando que cada exercício possui distintas magnitudes como, por exemplo, num arranco, as magnitudes baixas (1, 2) seriam desenvolvidas em velocidades acima dos 2,8 m/s, enquanto as máximas (magnitudes 4, 5) seriam entre 1,6-2,2m/s. Já num agachamento dorsal, as magnitudes mínimas seriam com velocidades acima de 1,28 m/s (40% 1RM) e as máximas seriam abaixo de 0,51m/s (90% 1RM).
Acreditar que a utilização e o controle da velocidade solucionam o problema da seleção correta das cargas – Devemos ter ciência de que não é o planejamento que irá nos reportar tais respostas, mas, como veremos no capítulo seguinte, o monitoramento e o controle dos dados que irão nos fornecer uma enorme contribuição para tomarmos decisões mais precisas em relação aos ajustes da carga no treinamento.
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